
Onça-Pintada que Matou Caseiro no Pantanal é Capturada e Levada para Reabilitação
Na madrugada desta quinta-feira, 24 de abril de 2025, uma onça-pintada responsável pela morte do caseiro Jorge Avalo, de 60 anos, foi capturada no Pantanal sul-mato-grossense, na região de Touro Morto, em Aquidauana, Mato Grosso do Sul. O felino, um macho de 94 kg, foi localizado por uma força-tarefa composta por um pesquisador, dois guias e quatro policiais militares ambientais após dias de busca.
Detalhes da Captura
O ataque aconteceu na segunda-feira, 21 de abril, no pesqueiro Touro Morto, onde Jorge trabalhava. Restos mortais da vítima foram encontrados na terça-feira, a 300 metros do local, em uma toca do animal, com sinais de mordidas e arranhões. Durante as buscas, a onça voltou ao local, atacou um socorrista e só recuou após disparos de advertência. A captura foi concluída às 3h da manhã de quinta-feira, usando armadilhas com laços e iscas. O animal foi sedado, equipado com acesso venoso e monitor de frequência cardíaca e temperatura, e levado ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) em Campo Grande para exames.
Condição do Animal e Investigação
O pesquisador Gediendson Araújo, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), que participou da operação, observou que a onça estava “bem magra”, sugerindo dificuldades para caçar presas habituais, o que pode ter contribuído para o ataque. Biólogos como Tiago Leite apontam que a magreza pode indicar idade avançada ou problemas de saúde, levando o animal a buscar presas mais fáceis, como humanos. Além disso, a Polícia Militar Ambiental (PMA) confirmou que havia “ceva” no local – prática de oferecer alimento para atrair animais –, o que é ilegal e pode alterar o comportamento natural das onças, aumentando o risco de conflitos.
Contexto do Pantanal
O Pantanal, que cobre 75% do município de Aquidauana (17.008,5 km²), é o bioma brasileiro com maior índice de espécies preservadas, segundo o Instituto Chico Mendes (ICMBio), com 93,7% das 1.299 espécies locais fora de risco de extinção. A região, habitat natural de onças-pintadas, é marcada por vegetação densa e rica biodiversidade, mas a destruição de habitats e práticas como a ceva têm aproximado os felinos de áreas humanas, aumentando os encontros perigosos.
Reflexão Crítica
Embora a captura tenha sido celebrada como uma medida de segurança, a narrativa oficial levanta questões. A magreza da onça e a prática da ceva sugerem que o ataque pode ter sido resultado de interferências humanas, e não de um comportamento naturalmente agressivo do animal. Especialistas como Gustavo Figueirôa, do SOS Pantanal, afirmam que onças-pintadas raramente atacam humanos sem provocação – o último caso fatal no Pantanal foi em 2008. Isso aponta para a necessidade de políticas mais rigorosas contra práticas que desequilibram o ecossistema, como o turismo predatório, e de maior proteção ao habitat natural desses felinos.
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