
Laerte Codonho, Dono da Dolly
Laerte Codonho, Dono da Dolly, Contesta Condenação e Anuncia Recurso
No último sábado (15/03/2025), o empresário Laerte Codonho, proprietário da fábrica de refrigerantes Dolly, reagiu à sua condenação pela 4ª Vara de Itapecerica da Serra (SP), que determinou uma pena de 11 anos, 10 meses e 4 dias de prisão por corrupção ativa, falsificação de documento e crime ambiental. A sentença, publicada na sexta-feira (14/03), também impôs uma multa e negou a substituição da prisão por medidas restritivas, como o uso de tornozeleira eletrônica. Em entrevista à CNN Brasil, Codonho classificou a decisão como “absurda” e anunciou que sua defesa irá recorrer, pedindo a nulidade do processo.
Detalhes da Condenação
A denúncia do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), recebida pelo Tribunal de Justiça em abril de 2019, acusa Codonho de causar danos ambientais em um terreno em São Lourenço da Serra, na Rodovia Régis Bittencourt, por meio de sua empresa Stockbanck. O terreno, uma área de preservação permanente (APP), foi desmatado entre 2014 e 2016, resultando em mais de 5 hectares de floresta densa destruída, além de inundações que prejudicaram moradores locais. Para viabilizar o empreendimento irregular, Codonho teria pago propina a servidores públicos, incluindo policiais civis e o então diretor de obras de São Lourenço da Serra, Márcio Vinicius Ferreira Bittencourt. O juiz Djalma Moreira Gomes Júnior destacou que Codonho, como líder do Grupo Dolly, “empregava esforços para atuar à margem da lei”, sendo considerado o “chefe do bando”.
Além de Codonho, outras sete pessoas foram condenadas em primeira instância, incluindo os policiais Alexandre Akira Issatugo e Elias Barbosa Santos, o delegado Pedro Arnaldo Buk Forli, e o ex-diretor de obras mencionado. As penas variam, mas Codonho recebeu a mais severa: 11 anos, 4 meses e 1 dia de reclusão em regime fechado, mais 4 anos, 10 meses e 4 dias de detenção em regime semiaberto, totalizando mais de 16 anos, além de uma multa de cerca de R$ 570 mil.
Argumentos da Defesa
Codonho e sua defesa contestam veementemente a condenação. Sobre o crime ambiental, o empresário alega que o terreno já tinha autorizações prévias:
“Na compra do imóvel, já constava autorização para exploração de uma lavra de água, e na mesma escritura tinha autorização para fazer o galpão para produção da água mineral. Quando comprei o imóvel, já tinha uma pré-autorização da Cetesb.”
Ele também destacou que, em janeiro de 2025, a própria Comarca de Itapecerica da Serra liberou a retomada das obras, o que, segundo ele, contradiz a acusação de crime ambiental:
“A própria Justiça disse que estava tudo ok para concluir a obra, e estou sendo condenado por crime ambiental. Uma coisa maluca.”
Quanto à falsificação de documentos, Codonho questiona a validade das provas:
“O laudo grafotécnico foi pedido pelo juiz que deu a sentença. O laudo confirmou que a assinatura não é minha. É uma loucura.”
Ele também nega as acusações de corrupção, afirmando que mensagens supostamente incriminadoras, obtidas de um celular apreendido em 2018, não existiam na perícia inicial:
“O celular foi apreendido em 2018, periciado, e essas mensagens que eles colocaram que existiria nesse celular, que teria usado, colocaram num processo de 2019, sendo que quando foi periciado o celular, nunca essas mensagens existiram, e seriam anteriores a 2018.”
A defesa de Codonho, em nota à CNN, pediu a nulidade do processo, alegando que a investigação do MP-SP violou os direitos fundamentais do acusado e de seu defensor. Eles também argumentam que as acusações são genéricas e carecem de provas concretas da participação direta de Codonho nos crimes.
Contexto e Histórico
Laerte Codonho não é estranho a controvérsias judiciais. Em 2018, ele foi preso em sua residência na Granja Viana, em Cotia (SP), acusado de fraude fiscal, organização criminosa e lavagem de dinheiro, em um esquema que teria desviado R$ 4 bilhões. Na época, Codonho acusou a Coca-Cola de orquestrar sua prisão para prejudicar a Dolly, uma narrativa que ele mantém até hoje, agora apontando o MP-SP como responsável por uma denúncia “fabricada” para beneficiar concorrentes. A Dolly entrou em recuperação judicial em 2018, após suspeitas de sonegação fiscal, e enfrentou outras acusações, como um suposto golpe de R$ 100 milhões por parte de um ex-contador, Rogério Raucci, cuja credibilidade como testemunha no atual processo é questionada pela defesa.
Análise Crítica
O caso de Laerte Codonho expõe tensões entre o rigor da Justiça ambiental e as alegações de falhas processuais. Por um lado, o desmatamento em São Lourenço da Serra, confirmado por laudos da Cetesb, causou danos reais, como inundações, afetando a população local e o ecossistema de uma área de preservação permanente. A corrupção de agentes públicos, se comprovada, agrava a gravidade do caso, mostrando como o poder econômico pode ser usado para burlar a lei. Testemunhas, incluindo um ex-diretor do Grupo Dolly e um motoboy que transportava dinheiro, corroboraram as acusações de propina, e o juiz considerou Codonho o líder do esquema.
Por outro lado, os argumentos de Codonho levantam questões legítimas. A existência de uma autorização prévia da Cetesb e a liberação judicial das obras em 2025 sugerem contradições que precisam ser esclarecidas. A questão da falsificação de documentos é ainda mais delicada: se o laudo grafotécnico realmente confirma que a assinatura não é de Codonho, como ele alega, isso pode indicar um erro judicial ou até manipulação de provas, como ele insinua com as mensagens do celular. A defesa também acusa o MP-SP de conduzir uma investigação enviesada, o que, se comprovado, poderia anular o processo por violação de direitos constitucionais, como o devido processo legal.
O histórico de Codonho com a Justiça, incluindo sua prisão em 2018 e as acusações de sonegação, pode ter influenciado a percepção do juiz, que o descreveu como alguém que “atua à margem da lei”. No entanto, isso também pode ter gerado um viés contra o empresário, especialmente em um contexto onde ele alega ser alvo de interesses comerciais de concorrentes. A falta de transparência sobre a perícia do celular e a credibilidade de testemunhas como Rogério Raucci, que teria um histórico de fraudes contra a Dolly, são pontos que merecem maior escrutínio no recurso.
Impacto em Goianésia
Embora o caso tenha ocorrido na Grande São Paulo, ele reverbera em Goianésia, onde a Dolly tem uma base de consumidores fiel, especialmente entre os mais jovens, que cresceram com o mascote Dollynho. A condenação de Codonho pode impactar a imagem da marca na cidade, onde o refrigerante é um símbolo de nostalgia e preço acessível. Moradores como Lucas Mendes, de 27 anos, expressaram preocupação: “A Dolly sempre foi a bebida da nossa infância. Se o dono está envolvido em coisas erradas, isso pode manchar a marca.” Por outro lado, há quem defenda Codonho, como Maria Oliveira, de 45 anos: “Ele sempre foi um empreendedor que enfrentou gigantes como a Coca-Cola. Acho que estão tentando derrubá-lo.”
A Dolly emitiu uma nota oficial em suas redes sociais no dia 17/03, chamando a condenação de “assustadora e absurda” e reafirmando que a defesa continuará lutando pela verdade. Enquanto o recurso não é julgado, Codonho permanece em liberdade, mas o caso pode ter implicações de longo prazo para a empresa, que já enfrenta dificuldades financeiras desde a recuperação judicial de 2018.
Equipe Elienai News – Compromisso com a Verdade!
